+448 dias de ofensiva no Duolingo. O que mudou?
Desde a penúltima vez que fui para Amsterdam, Holanda (Início de 2017), decidi que precisava tomar vergonha na cara e aprender minha língua, afinal pretendo morar lá e nada melhor que falar a língua nativa (apesar de inglês não ser um problema por lá).
Dentre as motivações, até porque não iria estudar um idioma somente pra agradar o pessoal de lá, estão: a ambição de aprender uma nova língua (germânica, que parece muito pouco com português e se diferenciada da galera do espanhol-francês-alemão), a identificação com o país (chamo de mijn land, minha terra) e como falei, o plano de morar por lá.
Já usava o Duolingo antes, mas não como um hábito. Escolhi ele por ser gamificado, ter sessões curtas (sou adepto da filosofia de: estude pouco, mas estude todo dia), da gratuidade e da identificação com os valores da instituição.
Tá, mas o que mudou?
Além de aprender Holandês, aprendi:
Que não adianta focar em apenas uma ferramenta
- O Duolingo é ótimo pra um estudo casual, mas peca na parte da gramática, onde você aprende novos bijvoeglijke naamwoorden (adjetivos), mas não tem uma lição que te ensina as regras de quando usar o ‘e’ no final. Ou quando você tem uma lição de woordvolgorde (ordem das palavras), mas não tem (pelo menos no aplicativo) ao menos um link para um artigo no fórum que te ensine de fato as regras, não a tentar decifrar e decorar as regras. Precisei de outros materiais como livros, websites, o próprio fórum do Duolingo e até outros aplicativos para complementar meu aprendizado, mas ainda assim dei mais foco que o necessário no Duolingo.
Não é só com um celular que você vai aprender uma língua nova
- É muito prático estudar um idioma em uma fila, no meio de duas aulas ou até antes de dormir, mas a praticidade dos celulares trás limitações. Por exemplo, a versão de celular não tem explicação de gramática, só exercícios. Ela também não te dá um feedback dos seus erros pós exercício. Vale a pena nos dias de sábado e domingo estudar pelo website e ler as ‘tips and notes’ quando existir. Aproveito pra falar sobre a prática. As pessoas ao meu redor achavam que eu estava maluco quando começava a falar uma língua estranha, mas era só eu tentando traduzir algumas frases que eu dizia pra holandês. O que custa usar um app com esse intuito ou no Facebook mesmo, adicionar uma pessoa nativa ou não pra treinar? Ouvir uma rádio da língua, noticiário, artigos da Wikipédia, enfim, tudo isso é botar em prática o que aprendeu.
Cuidado com as métricas de vaidade
- É lindo mostrar que fez mais de 400 dias de ofensiva no Duolingo, mas será que esse estudo foi feito da melhor maneira possível? A autossabotagem é comum no ser humano e admito que quando estava tarde e não tava com saco de pensar muito, fazia uma lição de treino, ou pior ainda, fazia a primeira lição só pra conseguir aqueles 10 de xp e manter a streak. Na área de marketing existe um termo chamado métricas de vaidade, que podem ser likes nas fotos, curtidas na páginas e comentários. Mas me diz aí, quantos desses estão realmente comprando seu produto? Tenho também que admitir que Streak Freezes e até pedir pra um amigo usar minha conta enquanto estava em uma viagem que estaria mais de 3 dias sem sinal nenhum, me ajudaram a manter esse número.
Não é sobre fazer uma lição por dia, é sobre criar um hábito
- Segundo o livro “O Poder do Hábito”, um hábito é precedido por um gatilho que causa uma rotina (o hábito em si) e te presenteia com uma recompensa. Não adianta jogar em horários aleatórios, só por que apareceu uma notificação que você vai perder o steak. Minha intensão (e foi no começo assim) era levantar da cama, lavar o rosto, comer algo e fazer uma lição. Mas acontece que assim como na física, não faz muito sentido fazer cálculos desconsiderando o vácuo ou o atrito, existem demandas, pessoas e até sua força de vontade te impedindo de agir como o planejado. A notícia boa é que ao longo do tempo, com o hábito formado, vai ficando cada vez mais fácil manter a rotina. Senti isso na pele quando tinha o hábito fluindo, mas acabei perdendo quando tive alguns problemas na família que me acabou virando minha vida de cabeça pra baixo.
Gostou? Me adiciona lá no Duolingo: @matheushofstede. E a partir de agora? Talvez eu pare nos 500 dias, ou somente adicione outras formas de estudo como um hábito. O objetivo agora é reativar o hábito de estudar logo após acordar, porque sem hábito, o ser humano não é ser humano.