Não é só pelo dinheiro… e nunca foi

Matheus Hofstede
4 min readMar 12, 2020

Um fenômeno interessante que acontece nos relacionamentos (pelo menos os que já passei em outros relacionamentos) é uma espécie de crossing-over (sim, aquele que você aprendeu em biologia no ensino médio) dos hábitos e conhecimento do casal.

No meu relacionamento anterior eu era uma pessoa extremante workaholic, enquanto minha ex era uma pessoa que meditava, e fazia outras coisas de pessoas Zen. Durante o relacionamento eu percebi que fui me tornando menos viciado no trabalho (de um jeito positivo) enquanto ela se interessou e começou a investir.

No meu relacionamento atual está acontecendo algo parecido. Talvez pelo exemplo e admiração, minha namorada está voluntariamente interessada no mundo das finanças. Apesar do pai dela estar de uma certa maneira desmotivando ela a investir e afirmar que “só vale a pena se tiver 10 mil conto” e seu irmão estar falando pra ela comprar ações (estamos em 11/03/2020, em plena crise global do petróleo e o Covid-19 sendo considerado pandemia), eu usei meus melhores argumentos pra convecê-la a começar a investir pelo tesouro direto, seguem eles:

Lembra da fórmula de juros compostos?

Na fórmula dos juros compostos, o tempo está na potência. Ou seja ao aumentar o tempo, os juros aumentam também exponencialmente.

Segue um exemplo do poder do tempo nos investimentos

Quando você começa a caminhar, o caminho aparece

Lá nos meus 18 anos eu fiz uma revolução na minha vida: Eu quebrei meu porquinho de dinheiro. Naquele momento eu já entendia o que era inflação e que meus 30 reais estavam se desvalorizando se eu deixasse parado. Resolvi juntar eles com uma parte da minha mesada e um dinheiro que conseguia vendendo coisas na internet pra investir no tesouro SELIC. O processo era o seguinte:
Eu juntava minhas economias do mês, e ia depositar aquelas notas e moedas na boca do caixa do Bradesco, pra depositar numa conta de serviços essenciais, que briguei com meu gerente pra exercer meu direito de ter uma, esperar 1 dia útil pra cair na conta e eu fazer uma transferência interbancária pra a Easyinvest.
Em torno de 60–80 reais era pouco? Dava trabalho e demorava pra depositar esse dinheiro? Sim e sim. Mas eu sabia exatamente o que eu estava fazendo.
E colocando metas de comprar pelo menos um título por mês, e fui criando um hábito daquele clichê maravilhoso de “me pagar primeiro”.
Afinal, quebrar meu porquinho foi um símbolo, foi a manifestação física de ser protagonista a partir dali.

Engane seu cérebro

Entre deixar seu dinheiro no Nubank, rendendo 100% do CDI e no tesouro SELIC (em uma corretora), que para simplificar rende também 100% do CDI, os dois a 80km/h, qual é o melhor?
Na minha humilde opinião, no tesouro SELIC é a melhor opção. E não estou falando de rentabilidade, ou de IOF, estou querendo exemplificar que somos humanos, ou seja, quando naquele momento você quer muito comprar uma coisa, e tem aquele dinheiro livre em sua conta, é muito mais simples utilizarmos esse dinheiro do que termos um certo “trabalho” com o que está na corretora, pois precisaríamos esperar o D+1 de liquidação do título e transferi-lo, para só então começarmos a utilizar.
Só esse resistência a mais já te dá tempo de pensar se realmente vale a pena de se afastar do seu sonho pra reagir esse impulso.

Não é só pelo dinheiro… e nunca foi

No livro Me Poupe! da Nathalia Arcuri ela contou o momento que ela pôde comprar a parte da casa á vista no momento do divórcio do marido, e segundo ela, foi nesse momento que passou na cabeça dela que X mulheres morrem de vítimas de violência doméstica todos os dias e a maioria desses casos é por causa da dependência financeira do marido. E estava claro que fazer o trabalho que ela faz é contribuir no empoderamento feminino e a abaixar essa métrica.

Por minha namorada ser mulher, eu incentivo a contribuir positivamente na estatística de mulheres investidoras e vejo meu papel como incentivar ela nesse processo de ser dona do próprio destino e ser mais um mulherão da porra que ela é.

Ninguém investe só por investir, por trás de todo investimento há uma meta, um sonho, uma geladeira, uma viagem, um carro zero ou a independência financeira pra ser conquistado lá na frente.
É a sensação de poder comprar uma coisa e mesmo assim não comprar, porque seus objetivos com aquele dinheiro estão claros.
É uma base sólida que possibilita a ajudar outras pessoas sem ter que tirar da carne e a fazer investimentos de conhecimento com a consciência tranquila.

Tentei explicar pra ela que investir também envolve coisas intangíveis como a liberdade e é muito mais complexo que ter um pouquinho mais de dinheiro depois de algum tempo. Isso é tudo pessoal!

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